Que Horas Eu Te Pego?
Diretor
Gene Stupnitsky
Gênero
Comédia
Elenco
Jennifer Lawrence, Andrew Barth Feldman, Laura Benanti
Roteirista
Gene Stupnitsky e John Phillips
Estúdio
Sony Pictures
Duração
103 minutos
Data de lançamento
22 de junho de 2023
Uma coisa comum (e irritante) para quem tem o hábito de ir ao cinema, é assistir a trailers incríveis, assistir ao filme por causa dele (afinal, essa é a principal função de um trailer) e acabar se decepcionando porque o filme não é nada do que o trailer fez parecer ser. Bom, “Que Horas Eu Te Pego?” é o exato oposto disso. Poucos trailers esse ano me fizeram ter menos vontade de ir ao cinema do que esse. Piadas fracas, situações exageradas e, aparentemente, um grande besteirol – nada contra besterois no geral, mas esse nem ao menos parecia bom. Imagina a minha surpresa quando me peguei rindo genuinamente já nos primeiros minutos do filme, e surpresa maior ainda quando não parei de rir até o final, exceto pelas cenas, também surpreendentemente, doces e relacionáveis.
Por que um trailer decide vender um filme sobre amor platônico, se encontrar no mundo e se conhecer, como uma mera comédia de piadas de duplo sentido é um grande mistério para mim. Não que o filme não tenha piadas de duplo sentido – elas certamente estão lá, mas não para serem levadas “a sério” (ou tão séria quanto uma piada pode ser) e não são o foco do filme. Mas chega da minha indignação em relação ao trailer e vamos à história.
“Que Horas Eu Te Pego?” acompanha Maddie, uma jovem que está com as contas atrasadas e conta com seu trabalho como motorista de aplicativo para se manter e manter a casa que a mãe deixou para ela antes de morrer. Quando o carro de Maddie é apreendido, enquanto os impostos da casa continuam a acumular, ela começa a procurar um carro usado para voltar a trabalhar, mas é um outro anúncio que acaba chamando sua atenção: um casal à procura de uma mulher de uns 20 e poucos anos (a Jennifer Lawrence não está na casa dos 20, mas o filme sabe muito bem disso) para “namorar” com o filho deles, um jovem que, segundo eles, é incrível, mas tem grandes dificuldades para socializar e acaba perdendo diversas oportunidades e, como o rapaz está para sair de casa e ir para a faculdade, eles esperam que essa mulher tire o rapaz da zona de sua zona de conforto. Convenientemente, a recompensa para esse “trabalho” é um carro. Por incrível que pareça, essa parte, que parece absurda, foi inspirada num anúncio real que mostraram para o roteirista e diretor, Gene Stupnitsky, que imediatamente pensou que daria um bom filme para Jennifer Lawrence atuar. Bom, ele estava certo. Jennifer Lawrence tem uma veia cômica proeminente e, apesar de ter se mantido longe dela por muitos de seus trabalhos, agora a trouxe de volta e mais forte do que nunca.
Maddie responde ao anúncio e acaba conhecendo Allison (Laura Benanti) e Laird Becker (Matthew Broderick), pais superprotetores de Percy (Andrew Barth Feldman) que, apesar de controladores, querem que o filho aproveite mais a vida e tenha novas experiências. Maddie, que está acostumada a ficar com caras sem se apegar, começa tentando usar das táticas mais comuns e rasas para transar com Percy na esperança de que isso fosse o suficiente para garantir seu carro. Mas o que ela não contava, apesar do aviso de Allison e Laird, é que Percy fosse um garoto realmente especial e que só ficar com ele não seria tão fácil ou rápido quanto esperava. Os dois começam a se aproximar, se conhecer mais a fundo e descobrem que podem se ajudar mais do que imaginam.
As jornadas de Maddie e Percy, individuais e conjuntas, são tratadas com muito humor, mas com uma sensibilidade par e personagens complexos para mover um enredo simples, mas eficiente e realmente divertido. Algumas questões mais sérias são levantadas também, como gentrificação, abandono paternal e superproteção, mas ninguém é pintado como um monstro, nada é tão preto no branco, o que ajuda na credibilidade desses personagens como humanos.
O filme perde um pouco a força no começo do terceiro ato, com algumas cenas que se esforçam demais – e descaradamente – serem engraçadas, mas o final volta a encontrar a essência da história e excede expectativas.