Salamandra
Diretor
Alex Carvalho
Gênero
Drama
Elenco
Marina Foïs, Maicon Rodrigues, Anna Mouglalis
Roteirista
Thomas Bidegain, Alex Carvalho, Alix Delaporte
Estúdio
Pandora Filmes
Duração
115 minutos
Data de lançamento
27 de junho de 2024
O filme franco-brasileiro, “Salamandra”, primeiro do diretor Alex Carvalho, apresenta uma narrativa centrada na experiência de uma mulher francesa chamada Catherine (Marina Foïs) que, após a perda do pai, viaja ao Brasil para se encontrar com sua irmã Aude (Anna Mouglalis) casada com um brasileiro, interpretado pelo ator Bruno Garcia. Ambientado em Recife, o filme explora o relacionamento entre esta mulher de meia-idade e Gil, um jovem brasileiro, com quem ela inicia um romance, apesar das barreiras linguísticas e culturais.
Visualmente, “Salamandra” é um filme encantador. As cenas são cuidadosamente compostas, utilizando cores e ambientes de maneira que destacam a beleza natural e urbana do Brasil. No entanto, o tratamento de cor apresenta falhas, especialmente em cenas mais escuras, onde o ruído na tela se torna evidente e a iluminação inadequada prejudica a qualidade visual.
A história, baseada em um livro homônimo escrito pelo francês Jean-Christophe Rufin, tem um potencial interessante ao retratar o luto, a descoberta de novas culturas e questões psicológicas que a personagem Catherine passa em sua vida. A personagem principal, frágil e até meio ingênua, se vê em situações que destacam sua vulnerabilidade em um país estrangeiro. Contudo, o filme parece se perder em sua própria ambição de ser conceitual, resultando em uma narrativa fragmentada e desconexa. A falta de clareza temporal e a mudança constante de figurinos e ambientes contribuem para essa sensação de desorientação.
Os diálogos soltos entre os protagonistas, que não compartilham um idioma comum, inicialmente trazem um toque autêntico, mas acabam parecendo forçados e artificiais à medida que a história avança. Além disso, o uso excessivo de cenas de sexo sem um propósito narrativo claro, transforma momentos que poderiam ser poéticos em algo cru e desnecessário, desviando o foco da trama principal.
O filme tenta estabelecer um tom poético com a presença constante do som das ondas, mas acaba por destacar a vulnerabilidade extrema da protagonista, que se vê repetidamente em situações desconfortáveis e perigosas, tanto físicas quanto emocionais e financeiras. A tentativa de criar um filme independente e artístico, reconhecido em festivais como o de Veneza, resulta em uma obra que, embora visualmente interessante, carece de uma narrativa coesa e de um desenvolvimento consistente dos personagens.
Em resumo, “Salamandra” é um filme que promete mais do que entrega. A beleza visual não compensa as falhas na estrutura narrativa e nas decisões de direção que comprometem a coerência e a profundidade da história.