Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca
Diretor
Eduardo Perdido, Tiago MAL e Diego M. Doimo
Gênero
Animação
Elenco
Luy Campos (Teca), Hugo Picchi (Tuti), Cidalia Castro (Tia Lizete)
Roteirista
Eduardo Perdido, Tiago MAL e Diego M. Doimo
Estúdio
Rocambole Produções
Duração
74 minutos
Data de lançamento
25 de julho de 2024
Em um ano em que as animações estão dominando a bilheteria, é uma pena que ainda não saibamos apreciar o produto nacional como ele merece. Entre tantas mega produções, com orçamentos astronômicos e marketing multimídia, filmes como Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca vêm para mostrar que a simplicidade vale a pena quando anda junto com talento e alma. Simplicidade pela história, pela estética, mas certamente não pela técnica e produção – o filme levou mais de 10 anos para ficar pronto, mistura live-action com animação e, majoritariamente, stop motion, uma das técnicas mais simples em tecnologia, mas de uma execução que exige tempo e muita dedicação.
Na história, Teca é uma traça, ela vive com uma família de traças que a acolheu e não sabe de seus pais biológicos, mas é muito amada e se dá bem com as outras crianças-traças da família. Essas tracinhas são mais velhas e estão acostumadas a sair de casa para se aventurar e comer papel, enquanto Teca, que é mais nova, acaba comendo tecido, que é o que tem em casa, mas não é tão bom quanto papel. Quando ela toma coragem para sair com eles pela primeira vez, descobre que o papel que eles tanto comem e adoram são livros, e quando algumas situações levam Teca a aprender a ler e entender que eles estavam danificando histórias, ela passa a se esforçar para fazer com que os amigos também entendam a importância da leitura. Essa, por si só, já é uma lição importante o suficiente; se tem algo que as crianças precisam hoje em dia é retomar o hábito da leitura, perdido ao longo do tempo diante do aumento da nossa dependência da Internet, tecnologia e afins.
Teca e Tuti, no entanto, não para por aí. Um novo mundo se abre diante de Teca (Tuti é um ácaro de estimação e fiel escudeiro) uma vez que ela aprende a ler, não só o mundo físico, agora que ela não fica mais presa dentro de casa, mas um mundo cheio de ideias, possibilidades e histórias não só fictícias, mas também sua própria; através de mensagens escritas nas margens de livros, ela aprende sobre suas origens no arco mais emocionante e sensível da história, trazendo uma nova mensagem, uma muito mais difícil de lidar com o público infantil, mas igualmente importante. Durante as aventuras de Teca, diversos clássicos da literatura são explorados e inseridos na narrativa, apresentados ao novo público provavelmente pela primeira vez.
Com pouco mais de uma hora de duração, Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca consegue passar diversas mensagens sem parecer estar. Utilizando músicas e diversas técnicas de filmagem, o filme é didático, dinâmico e extremamente acessível para públicos de diferentes idades. Em uma produção como essa, que envolve tanto trabalho manual, tanto tempo, tanto esforço, e sem a promessa de lucros exorbitantes, a gente sabe que tem muito amor envolvido, mas é melhor ainda quando esse amor pode ser sentido, evidente em cada cena e cada diálogo. Partindo da simplicidade e de brasilidades, Teca e Tuti cria para si um universo rico e único e nos dá a chance de não só apreciá-lo, mas também de fazer parte dele.
Por Júlia Rezende