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The Flash

Diretor

Andy Muschietti

Gênero

Ação , Comédia , Drama

Elenco

Ezra Miller, Sasha Calle, Ben Affleck

Roteirista

Christina Hodson e Joby Harold

Estúdio

Warner Bros. Pictures

Duração

144 minutos

Data de lançamento

15 de junho de 2023

Barry Allen usa sua supervelocidade para mudar o passado, mas sua tentativa de salvar sua família cria um mundo sem super-heróis, forçando-o a correr por sua vida para salvar o futuro.

“The Flash” é um dos últimos filmes da DC pré-James Gunn e também um dos mais aguardados. Apesar dos diversos atrasos nas filmagens e inúmeras polêmicas por trás das câmeras envolvendo o protagonista Ezra Miller, as expectativas para o filme se mantiveram altas – e crescendo – até agora. Não é a primeira vez que Ezra Miller interpreta o super-herói, ele reprisa seu papel em Batman vs. Superman e A Liga da Justiça, mas é a primeira vez que ele ganha um destaque como esse, um filme para chamar de seu. Nas últimas aparições, o Flash de Ezra Miller foi mais um alívio cômico do que um personagem a se levar realmente a sério, mas o potencial sempre esteve ali e não é como se Ezra Miller ou o Flash não conseguissem segurar um filme próprio, ele – eles – conseguem, só não o suficiente para compensar a trama extensa e derivativa e fazer desse um filme de super-herói diferente ou memorável.

Talvez o maior ponto contra The Flash seja o timing, um filme falando sobre multiverso já deixou de ser “novidade” há um bom tempo, mas está chegando a um ponto de saturação. É claro que isso não é uma regra, mesmo um tema batido pode render histórias espetaculares, mas não ajuda que The Flash seja lançado logo depois de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, que aborda o tema com uma maestria ímpar e, por mais que eu não seja a favor de fazer comparações como essas, é difícil não fazer nenhum tipo de associação entre os dois. The Flash traz também a ideia de multiversos para juntar passado, presente e futuro da própria DC e seus personagens, uma manobra interessante, principalmente para os fãs, mas, novamente algo que a Marvel tem feito em todos seus projetos recentes e que também está presente em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso.

Essas questões não tiram completamente o mérito de The Flash, mas certamente enfraquecem uma fração do seu potencial, depositando ainda mais responsabilidade em Ezra Miller que deve fazer não apenas um Barry Allen, mas dois. Como mostram os trailers, Barry Allen usa sua habilidade de supervelocidade para viajar entre tempo e dimensão na tentativa de salvar seus pais. Nessa viagem, o Barry Allen que conhecemos encontra o Barry Allen de um universo diferente em que sua mãe ainda está viva e os dois unem forças para alcançar os objetivos do “Barry original”. Ezra Miller faz um bom trabalho interpretando os dois personagens quase iguais, mas ainda distintos. O Flash continua engraçado, ligeiramente sensível e fácil de gostar, mesmo que o “novo Barry” às vezes seja um pouco mais bobo do que poderia ser.

Em suas duas horas e meia de duração, The Flash é marcado por altos e baixos, alguns CGI são extremamente bem feitos, outros bem longe disso, algumas cenas de ação são empolgantes e inventivas, outras abusam do slow motion para mostrar a relação de Flash com o tempo e acabam perdendo a força e a perspectiva, alguns momentos são genuinamente engraçados, outros ficam mais perto de causa “vergonha alheia”. O personagem de Barry (os dois) é bem trabalhado do começo ao fim, tanto em suas qualidades quanto em seus defeitos, seus objetivos são definidos e suas limitações detalhadas, mas o mesmo cuidado não é tomado em relação aos coadjuvantes, que servem apenas um propósito e falham em se tornarem personagens mais reais.

É, sem dúvidas, um filme grandioso e com ambição, seguindo regras já populares de viagens no tempo, mas também criando suas próprias para manter as coisas interessantes. O retorno de Michael Keaton como Batman não é o que todos esperavam, mas de uma forma positiva já que traz uma nova dimensão ao personagem. A volta de Keaton também não é a única surpresa do filme – e muito menos a última, não esqueça de ficar até o final.

Se formos considerar as dificuldades da Warner em relação à produção, os obstáculos foram contornados de forma sutil e satisfatória. O que não satisfaz no filme não tem a ver com esses desafios, e sim com a vontade do filme de tentar se vender como algo a mais do que ele realmente é. Sim, é um filme de super-herói divertido, traz personagens adorados, mas não passa muito disso.

 

Por Júlia Rezende

7

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