
Um Filme Minecraft
Diretor
Jared Hess
Gênero
Comédia
Elenco
Jack Black, Jason Momoa, Sebastian Hensen
Roteirista
Chris Bowman, Hubbel Palmer, Neil Widener, Gavin James e Chris Galletta
Estúdio
Warner Bros. Pictures
Duração
101 minutos
Data de lançamento
03 de abril de 2025
Talvez o maior aliado de Um Filme Minecraft seja a falta de expectativa. Minha primeira reação ao ouvir o anúncio sobre um filme de Minecraft foi de descrença, por ser mais uma adaptação de um jogo de videogame (que não costumam dar muito certo), pelo jogo ser baseado em criar mundos, coisa que não aconteceria no filme e por parecer muito mais uma jogada de marketing para promover o jogo do que uma produção genuína. Baixas expectativas ou não, o fato é que mais de uma vez eu me peguei rindo e acabei me divertindo nesses 100 minutos no cinema (e tem que ficar até o final, porque tem cena pós-créditos).
Um Filme Minecraft certamente vai impactar cada um de um jeito diferente e seu nível de empolgação provavelmente estará conectado ao quanto você conhece/gosta do jogo e o quanto você gosta do humor do Jack Black. Levei meu afilhado de 7 anos para assistir comigo e, como um grande fã e conhecedor de Minecraft (e com altíssimas expectativas), ele decretou que esse é o melhor filme do mundo, já eu, que não sei nada sobre o jogo mas acho o Jack Black engraçado, considerei um entretenimento bom o suficiente – o que não é o mesmo que afirmar que é um filme bom, mas ainda assim uma vitória.
Apesar do roteiro ser assinado por 5 pessoas (Chris Bowman, Hubbel Palmer, Neil Widener, Gavin James e Chris Galletta), é difícil de acreditar que tanto esforço tenha sido empregado no enredo do filme. A cena de abertura parece contar um (outro) filme inteiro em poucos minutos enquanto nos atualiza sobre o protagonista Steve (Jack Black). Steve desde pequeno tinha o sonho de explorar uma mina terrestre, mas como era criança, foi impedido de entrar. Quando virou um adulto, foi trabalhar num escritório, mesmo sabendo que não era isso o que queria, então um dia resolveu se demitir e, finalmente entrar nas minas que antes eram proibidas. Enquanto escavava, descobriu um portal que o levou ao Mundo Superior, o mundo de Minecraft em que tudo que você imagina pode ser criado através de cubos. Steve se muda pra lá, tem um lobo de estimação e vive tranquilo, até que uma vilã com um exército de criaturas que misturam porco com humano, descobre o portal e quer usá-lo para o mal, então Steve dá um jeito de mandá-lo para o mundo real. Esses são só os primeiros 10 minutos do filme.
No mundo real, conhecemos os irmãos Henry (Sebastian Hansen) e Natalie (Emma Myers), que acabaram de se mudar para uma nova e pequena cidade depois de perder os pais. Natalie, a irmã mais velha, arranjou um emprego como social media e ainda tem a responsabilidade de cuidar do irmão. Já Henry é um menino sonhador e engenhoso, ele gosta de criar e inventar, o que o deixa com poucos amigos. Na nova cidade eles conhecem dois adultos bem diferentes, Dawn (Danielle Brooks) é uma corretora de imóveis e tem um negócio de zoológico móvel para complementar a renda e se torna uma espécie de amiga e guardiã de Natalie, já o outro adulto é Garret (Jason Momoa), mais conhecido como Lixeiro por conta de seus tempos de heroísmo quando era um campeão de fliperama. Garret é uma figura, completamente estagnado nos seus dias de glória, ele mantém até o exato mesmo visual que era moda nos anos 80. Depois de alguns acontecimentos, todos acabam indo para o Mundo Superior e lá, Steve e Garret formam uma dupla que é a alma do filme.
Um Filme Minecraft não tenta fingir fazer sentido e também não tenta ser levado a sério. Todos os envolvidos estão 100% conscientes dos absurdos ao seu redor, e ninguém parece se importar – ainda bem. Esse desprendimento com a lógica, junto com a entrega de Jack Black e Jason Momoa ao ridículo é que fazem de Um Filme Minecraft uma experiência tão divertida. Jack Black traz uma performance digna de seu passado de Tenacious D, com toda a expressividade, exageros e humor que tem a oferecer, enquanto vemos um lado relativamente novo de Jason Momoa, deixando de lado o estereótipo de herói valentão para ser motivo de piada – e faz isso muito bem. Os outros personagens não chegam perto de brilhar tanto quanto eles (apesar de todo o elenco funcionar bem), mas também não deveriam, já que acabam servindo como um ponto de equilíbrio.Vale um destaque para Jennifer Coolidge que faz uma personagem completamente “fora da caixinha”, do melhor jeito Jennifer Coolidge, numa subtrama hilária.
O filme de Jared Hess pode não ser uma grande obra de arte, mas o diretor sabe usar todas as ferramentas disponíveis a seu favor e acaba surpreendendo com um filme capaz de agradar até mesmo quem não tem nenhuma relação com o jogo.
Por Júlia Rezende