Uma Fada Veio Me Visitar
Diretor
Vivianne Jundi
Gênero
Comédia
Elenco
Xuxa, Tontom Périssé, Vitória Valentim
Roteirista
Thalita Rebouças e Patrícia Andrade
Estúdio
Imagem Filmes
Duração
102 minutos
Data de lançamento
12 de outubro de 2023
Tendo crescido nos anos 90/00, nada era mais comum para mim do que ver a Xuxa na TV, seja em seu próprio programa, em filmes ou em clipes musicais “só para baixinhos”, mas isso foi se tornando cada vez mais raro na última década, com a apresentadora se afastando da TV semanal para participar de projetos mais pontuais – e raramente como atriz. Entretanto, em “Uma Fada Veio Me Visitar”, Xuxa está de volta como os mais novos nunca viram, e como os mais velhos estavam com saudade de ver. É uma Xuxa atriz, sem dúvidas, mas também é uma Xuxa que, por diversas vezes, se confunde com a personagem da fada Tatu, mas até mesmo essa confusão é proposital. Durante o filme, são feitas dezenas de referências à carreira da Xuxa, desde figurinos, penteados e até à sua forçada “rivalidade” (que hoje sabemos que nunca existiu) com Angélica.
Embora seja cercado e mergulhado em tudo que é Xuxa, a história original não foi pensada com a apresentadora em mente. Uma Fada Veio Me Visitar é uma adaptação do livro homônimo de Thalita Rebouças sobre Luna (Tontom Périssé), uma adolescente com problemas de adolescente que é visitada por uma fada. Tatu, a fada, esteve quase que literalmente congelada no tempo, adormecida pelas últimas 3 décadas e agora foi trazida de volta à vida com a missão de ajudar a formar uma amizade entre Luna e Lara (Vitória Valentim), acontece que Lara é a grande rival de Luna na escola e a menina se mostra extremamente contra qualquer tentativa de aproximação. Com o jeitinho atrapalhado de Tatu, a missão acaba sendo mais difícil do que o previsto.
Ao assistir o filme, é difícil acreditar que ele não tenha sido feito sob medida para Xuxa, apesar do protagonismo ser compartilhado com Tontom, é inegável que esse é um novo show da Xuxa. E que bom que foi assim. A trama adolescente não é exatamente original e peca pelo excesso na construção dos personagens e suas interações. A imagem de “garota malvada”, emprestada dos filmes adolescentes norte-americanos, dificilmente traduz a experiência brasileira de ensino médio, sobretudo no nível que é mostrado no filme, beirando o caricato. Esse exagero não parece autoconsciente ou propositalmente vergonhoso, o que prejudica o andar da trama e nos distrai das características mais reais das personagens. Em contrapartida, quando Luna consegue se aproximar de Lara e descobre que ela é mais do que aparentava ser e uma nova faceta de sua vida é revelada, o filme encontra seu melhor ritmo.
Banhado em nostalgia, a presença de Xuxa atinge um público de 25+ anos, que certamente não é o mesmo público do restante dos elementos do filme, deixando a dúvida sobre pra quem esse filme realmente é. As atuações, além de Xuxa, são satisfatórias ao que se propõem e apesar de não ser assim sempre, o humor mais acerta do que erra e a mensagem por trás do relacionamento de Lara e Luna é positiva. É impossível pensar em um “Uma Fada Veio me Visitar” sem a Xuxa, mas por sorte não precisamos, então resta aproveitar o seu retorno às telonas e comemorar que as gerações mais novas também terão um gostinho da eterna Rainha dos Baixinhos.
Por Júlia Rezende