Wish – O Poder dos Desejos
Diretor
Chris Buck e Fawn Veerasunthorn
Gênero
Animação
Elenco
Roteirista
Chris Buck, Jennifer Lee e Allison Moore
Estúdio
Walt Disney
Duração
95 minutos
Data de lançamento
04 de janeiro de 2024
Nos últimos anos o conceito de “easter eggs” tem se tornado cada vez mais popular e mais utilizado pelos grandes estúdios. Embora esteja mais popular agora, está longe de ser uma novidade, e essas referências “escondidas” já fizeram parte de muitos clássicos da Disney. Esse ano, com a celebração dos 100 anos da Walt Disney Company, o estúdio leva esse conceito a um patamar acima, transformando-o em um filme inteiro, em vez de um momento ou outro. No entanto, o que uns podem chamar de “grande homenagem” ao legado da empresa, outros podem chamar de marketing. Quando exaltamos o trabalho não de um único artista, mas de toda uma companhia, não é fácil diferenciar homenagem de propaganda e talvez seja aí que “Wish – O Poder dos Desejos” deixa a desejar, ainda que não seja de todo ruim: sobra referências, mas falta alma própria, coração.
Na nova animação, é apresentada Asha, uma adolescente vivendo num lugar chamado Rosas sob o reinado de Magnífico, que chegou à essa posição por ter um poder curioso: ele pode fazer desejos se tornarem realidade e, assim, mantém a magia de Rosas, ou pelo menos isso é o que ele quer que as pessoas acreditem, já que apesar de ter essa habilidade, a usa de forma arbitrária: os cidadãos de Rosas devem entregar nas mãos de Magnífico o seu maior desejo e, uma vez por ano, ele escolhe um deles para realizar. O grande problema é que, assim que você entrega o seu desejo, o esquece completamente. É uma dinâmica interessante e didática o suficiente para as crianças entenderem a não deixar seus sonhos nas mãos de ninguém e sempre ir atrás daquilo que deseja. Magnífico, é claro, é o grande vilão, mas Asha só descobre isso quando tenta conseguir a concorrida vaga de aprendiz do Rei e entende sua real natureza.
Uma vez desperta e livre da ilusão de que Magnífico era a solução de todos os problemas, ela parte numa jornada para trazer a mesma consciência para todo seu povo. Seu caminho fica mais fácil quando ela conhece uma estrela que lhe concede poderes, como na música “When you wish upon a star” (ou “quando uma estrela aparece”, na versão brasileira), que é o grande tema musical da Disney e leva sua cabra junto. Como um bom clássico da Disney, o filme é um musical (na versão original na voz da vencedora do Oscar Ariana DeBose) e as músicas, embora nenhuma tenha real potencial de se tornar um hit, realmente ajudam a levantar o filme e tornar a história mais atraente, principalmente em momentos que estavam prestes a ser simplesmente entediantes. Visualmente falando, o filme também fica entre o bom e o passável, alternando entre um estilo 3D e um 2D mais parecido com desenho feito à mão.
Mas esse espaço do entre é justamente o que acaba definindo Wish. Entre uma homenagem e uma propaganda, uma premissa instigante, ainda que mais infantil do que o necessário, mas não tão bem executada, músicas boas, mas não boas o suficiente para deixarem sua marca. É evidente que a essência de Wish é fabricada, criada dentro das paredes colocadas para que caiba na história do estúdio, referenciando clássicos, mas sem chance de se tornar um. Criar algo mágico, apesar de ser uma especialidade da Disney, nunca foi fácil e está ficando cada vez mais difícil, principalmente quando o foco não está na magia em si, mas sim nas possibilidades financeiras que ela pode trazer. Ainda que não seja de todo ruim (meu afilhado de 6 anos gostou muito, principalmente do personagem da estrela), talvez teria funcionado melhor como um curta-metragem, daqueles que a Disney/Pixar colocam no cinema antes do filme principal.
Por Júlia Rezende