A adolescência é uma fase de mudanças. Sejam corporais, hormonais ou de personalidade, são mudanças que vão reverberar na chegada à vida adulta.
Em seu novo ano “Sex Education”, da Netflix, aprofunda ainda mais o entendimento das mudanças. A descoberta do sexo na primeira temporada e a importância dos laços de amizade na segunda temporada preparam o terreno para o que seríamos apresentados nesta nova temporada: A jornada do amadurecimento dos personagens é o que move os 8 episódios que dessa vez faz escolhas interessantes ao dar mais luz para o desenvolvimento de coadjuvantes.
O legado construído por Maeve (Emma Mackey) e Otis (Asa Butterfield) na clínica sexual da escola de Moordale transformou a instituição numa referência negativa. Na imprensa “a escola dos jovens depravados” é alvo da curiosidade do público e envergonha os investidores da escola, ainda impactados com os incidentes da segunda temporada. Uma nova diretora chega para levar a escola para um novo rumo: Hope (Jemima Kirke) se mostra adorável e mais próxima dos alunos do que professor Michael Groff (Alistair Petrie), na primeira impressão, mas obstinada a reverter a reputação da escola decide instalar uma filosofia conservadora e ultrapassada aos alunos. Mas, a liberdade sexual conquistada por estes alunos não será tão fácil de ser destruída.
Otis não lidou bem com a rejeição de Maeve, mas seguiu em frente se relacionando com Ruby (Mimi Keane), a abelha rainha que pareceu desde os primeiros episódios herdar o legado da americana Regina George de “Meninas Malvadas”, mas que no fundo é só mais uma jovem assustada que criou uma casca para se defender na selva da adolescência. Maeve ao contrário de Otis tem problemas demais para se preocupar com as indecisões da sua vida amorosa. Sua mãe perdeu a guarda de sua irmã, que está com uma tutora, e ela sabe que só o seu talento nos estudos pode mudar seu destino.
Com casal protagonista da série separado, as atenções se voltam para os coadjuvantes. Eric (Ncuti Gatwa) e Adam (Connor Swindells) sustentam o romance desta temporada e mostram camadas muito interessantes de Adam. Um jovem com dificuldades de aprendizado, problemas de relacionamento com os pais que estão se divorciando e ao mesmo tempo tendo que lidar com a descoberta da sexualidade. E mesmo com tantos dilemas vemos na história dos dois uma leveza adorável para lidar com questões tão complexas.
Se na segunda temporada a “sororidade” feminina foi uma abordagem de destaque, neste novo ano a série joga luz a duas jovens “não binárias” e dificuldade de se adaptar às rígidas novas regras da escola e se fazerem entender nos interesses sobre a sua sexualidade.
“Sex Education” se consolida como uma das melhores produções da Netflix com leveza e bom humor abordando a adolescência com quilômetros a mais de profundidade do que “13 reasons why” outro sucesso do catálogo do serviço.
Com oito episódios esta temporada deixa claro que seu tema é o amadurecimento, mesmo dos adultos: A mãe de Otis, com excelente atuação de Gillian Anderson, que tem lidar com uma gravidez inesperada; e o ex-casal Michael e Maureen Groff que tentam redescobrir a vida depois do divórcio e após os 40 anos.
Ainda sem confirmação da renovação para um quarto ano “Sex Education”, tem como virtude a leveza e o bom humor aliadas a um competente e carismático elenco que pode se manter longeva sem se escorar nos personagens principais da trama.