TINI – DEPOIS DE VIOLETTA

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‘Violetta’ é uma novela argentina produzida pela Disney, que alcançou bastante sucesso principalmente por toda a América Latina. Na história da novela, Violetta (Martina Stoessel) é uma artista adolescente que retorna a Buenos Aires após passar uma temporada na Europa. O forte da novela é explorar temas de interesse adolescente, como amizade e romance, sempre com um toque musical, que é o foco da história. Sendo assim, o diretor e produtor Juan Pablo Buscarini ficou responsável pela adaptação cinematográfica da novela, intitulada ‘Tini: Depois de Violetta’.

A história do filme “reflete” um momento na vida da estrela “teen”, quando Violetta já está cansada da rotina de shows e ainda sofre uma desilusão amorosa com seu namorado León (Jorge Blanco). Prestes a abandonar tudo, a jovem parte para o interior da Itália, em uma mansão para jovens artistas reencontrarem sua inspiração e acaba conhecendo Caio (Adrián Salzedo), um jovem bastante animado que irá mostrar a Violetta as incríveis paisagens da região.

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O conflito inicial que move a história (a relação “cansaço da fama” com “desilusão amorosa”), meio que lembra outros sucessos adolescentes nesse estilo, um misto de “Rebeldes” com “Hannah Montana”. Mas, curiosamente, é bastante diferente de outro grande sucesso da Disney, “High School Musical”, que lida com as preocupações dessa idade de forma menos dramática e explorando mais a fantasia (onde no meio de um jogo de basquete as pessoas começam a cantar). Não estou dizendo que os dramas que se passam em ‘Tini’ sejam discutidos de forma plausível, mas certamente há uma tentativa de tocar em certos pontos dramáticos de forma mais “realista” do que a de costume nesse segmento de filme (basicamente o melodrama mexicano). Este talvez seja seu maior problema, por mais que seja uma história sobre amadurecimento, nenhuma das soluções que o filme encontra aconteceria na vida real.

O elenco é bom, cada um em seu papel está bem à vontade, mas sofrem com um roteiro muito mal escrito que acaba entregando atuações nitidamente artificiais, como se fosse mais importante expressar o ideal de personagens, que representam, do que dar uma camada mais “humana” a eles. A trilha sonora é razoável, outro problema do filme, porque as músicas compostas não têm nada demais e deveriam ser talvez o ponto mais forte da produção. Nem a canção principal composta por Violetta – que é usada no filme como um elemento fundamental para a trama – é inspirada ou contagiante como o estúdio já demonstrou ser muito capaz de fazer em outras oportunidades. Isso sem mencionar que a música é toda composta em piano, numa melodia bem particular, mas quando é revelada pronta, mais para o final do filme, há um show de pirotecnia fora do contexto que te deixa pensando: “ué, mas é a mesma música que ela estava compondo?”.

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Como sempre podemos tirar algo de bom de qualquer experiência, há de se elogiar a criação artística de “Tini”. Com relação ao aproveitamento das paisagens, a fotografia de Josu Ichaustegui (que já trabalhou como assistente no belo ‘Mar Adentro’ (2004) é espetacular. Logo nos primeiros quadros, a cinematografia impressiona pela linda composição de cores, ambientes e planos que ressaltam muito bem a beleza natural da região. Há muita harmonia na escolha das cores, combinações de azul e roxo ou complementares na escala, que são muito agradáveis aos olhos e ajudam o espectador a experienciar o clima sentimental da cena. De fato, o filme é realmente muito bonito.

Apesar de que a posição da câmera nas cenas de diálogos e interação entre os personagens, nem sempre seja a mais adequada para proporcionar a melhor visualização do que esteja acontecendo. Há vários erros de continuidade, como em uma cena onde um personagem está com o celular na mão, no corte seguinte não está mais e no outro volta a estar.
Também há outros erros de “mise en scène” e de personagens, onde o cabelo está de um jeito numa cena e na seguinte está diferente… Erros que parecem simples, mas que não podem ocorrer sequer no mais modesto filme já feito.

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‘Tini: Depois de Violeta’ é um filme que fala sobre buscar novas experiências, conhecer outras pessoas, mas tudo em um mundo de fantasia, que no final das contas tudo se resolve e é perfeito. O engraçado é que cada personagem tem uma lição interior completamente mal desenvolvida que vai se provar extremamente importante em algum momento do filme. Há até aquela cena de muitíssimo mau gosto – além do príncipe encantado chegando em um belo cavalo branco – em que a protagonista vai explicando o que aprendeu com cada um dos outros personagens, algo como “com você, eu aprendi a ouvir mais”, “com você eu aprendi a importância das cores na nossa vida”, e etc… Nem as animações mais infantis atualmente fazem isso (talvez apenas a Peppa Pig). Vergonha alheia para este roteiro…

E a montagem do filme definitivamente também não contribui para a fluência da história como um todo. Há cortes frenéticos mudando a todo momento a perspectiva da cena, além da mudança do núcleo da história sem que o espectador consiga absorver completamente onde aquelas pessoas estão, sobre o que (ou quem) estão falando, etc. Uma hora estamos na Itália, na outra em Los Angeles, ou seria na Argentina? Tudo isso prejudica muito o entendimento do público com a história e sua identificação com os personagens. De modo geral, faltou muito o peso de uma boa direção de elenco, mas o problema principal do filme é o roteiro. Certamente irá encontrar seu público-alvo por oferecer basicamente o que a novela já oferecia, só que agora em um episódio estendido, mas dificilmente irá agradar ao público que não conhece ou tem qualquer laço afetivo com Violetta e sua turma.




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