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Do diretor Pedro Antonio, mais conhecido por dirigir episódios de programas de TV como ‘220 Volts’, exibido no canal Multishow, ‘Tô Ryca’ é uma comédia que conta a história de Selminha (Samantha Schmutz) e sua amiga Luane (Katiuscia Canoro), duas frentistas que vivem em condições bem humildes na periferia do Rio até que Selminha descobre que um tio está morrendo e vai lhe deixar uma herança milionária, mas com uma condição. Para ficar com os 300 milhões da herança, Selminha terá que gastar 30 milhões em 30 dias, sem comprar nenhum bem para si ou contar para alguém a sorte que teve.

O filme faz uma sátira bastante exagerada (praticamente uma farsa), mostrando de forma bem caricata a dura rotina dos pobres, sua luta para pegar ônibus lotado e não chegar atrasado ao serviço, aguentar aquele chefe insuportável e etc. Se aproveitando das características que esse gênero possibilita, Pedro ainda aproveita para fazer uma espécie de crítica social e política, através de sequências como a da balada, onde pessoas privilegiadas têm acesso ‘VIP’ enquanto outras apodrecem nas filas de entrada, ou pelo personagem Falácio Fausto (Marcelo Adnet), que representa a pior classe de políticos do nosso país, nunca defendendo os interesses da população que o elegeu, mas apenas seus interesses e das suas famílias. Há também uma reflexão sobre aquela velha discussão:  “afinal, o dinheiro compra ou não felicidade”?

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Crédito: Divulgação

Apesar de política e desigualdade social permanecerem assuntos importantes de serem discutidos pela população brasileira, especialmente no conturbado momento político e econômico que vivemos atualmente, vale alertar que ‘Tô Ryca’ não se aprofunda na tentativa de achar uma solução realista para nenhum desses temas. Pela forma como os fatos vão se sucedendo durante o filme, tudo serve como um pano de fundo para a verdadeira história que o filme quer contar: a amizade entre Selminha e Luane. Com o elenco talentoso, que ainda tem o auxílio de Marcus Majella e Fabiana Karla como coadjuvantes, obviamente há momentos realmente bastante engraçados, embora não funcionem sempre a todos os públicos, pois é mais direcionado a admiradores de um tipo de humor mais hiperbólico e histérico – como a maioria dos filmes de comédia nacionais têm sido ultimamente, diga-se de passagem.

Mas, se por um lado as investidas lógicas e racionais da direção não funcionam de forma relevante para agregar um subtexto consistente ao filme, por outro a história busca ao menos um “diferencial” das outras comédias nacionais, onde milagrosamente um personagem fica rico de repente. A ideia do desafio – embora tirada do filme clássico da antiga ‘Sessão da Tarde’ chamado ‘Chuva de Milhões’ (1985) – proporciona saídas interessantes e faz a Selminha pensar de forma pouco convencional (qualquer um de nós acharia fácil vencer o desafio, desde que pudesse comprar bens materiais para si ou alguém da família), o que acaba prendendo a atenção e o interesse do espectador para saber como a história vai acabar. Beneficiado pela contribuição de Marcelo Adnet na sátira política – a qual ele domina como poucos atualmente no Brasil – e pelas (dentro da proposta do filme) boas atuações de Katiuscia e Samantha – em seu primeiro protagonismo no cinema – ‘Tô Ryca’ é uma produção modesta e divertida, que tem potencial para agradar bastante seu público-alvo, aquele público casual que busca apenas dar umas risadas no cinema.

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Crédito: Divulgação




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