Brad Pitt é um assassino de aluguel, mas está bem longe de ser um vilão. Nós não sabemos seus motivos para entrar nesse ramo questionável, mas o carisma do ator já transborda para o personagem desde seus primeiros minutos em cena. Em “Trem-Bala” ele é Joaninha, ou Ladybug, um codinome escolhido para essa missão específica em que Ladybug substitui um outro assassino e que ele acha irônico, já que se considera um cara muito azarado, mas sorte muitas vezes é uma questão de ponto de vista, ou talvez ela até mesmo não exista e tudo é uma questão destino?
Ladybug é ligeiramente atrapalhado, mas ainda assim muito habilidoso e completamente relaxado, agora que leva uma vida baseada em mil e um clichês de autoajuda e já não tem mais certeza de que quer seguir na profissão, mas sua agente garante que dessa vez sua missão é outra e muito simples: ele só precisa entrar num trem-bala de Tokyo a Kyoto e pegar uma maleta misteriosa que estará lá. É claro que não vai ser tão fácil assim.
Além de Ladybug, a viagem de trem conta com a presença dos igualmente suspeitos Tangerina (Aaron Taylor-Johnson) e Limão (Brian Tyree Henry. Sim, todos têm codinomes curiosos – e sotaques estranhos também. Tangerina e Limão têm sua própria missão a bordo do trem-bala: trazer um herdeiro (Logan Lerman) de volta para seu pai, o magnata violento e misterioso Morte Branca (Michael Shannon).
O filme demora um pouco para engatar, levando seu tempo para apresentar os personagens, cada um com seus nomes anunciados na tela em letras de neon e animação, denunciando a direção de David Leitch, com uma pintada de Guy Ritchie, e piadas clichês que, muitas vezes, não funcionam tão bem quanto deveriam, mas assumindo suas similaridades com Tarantino (incluindo a quantidade absurda de mortes das mais variáveis violências), depois que a ação começa, ela dispara em alta velocidade, fazendo jus ao título da obra, e não desacelera até o fim.
Cada um dos personagens tem seus motivos para estarem fazendo a viagem de trem, alguns realmente relevantes para a história, outros que só aparecem para morrer alguns segundos, o que às vezes parece um desperdício considerando o elenco recheado de grandes estrelas. A falta de personagens femininos relevantes, com exceção da personagem da Joey King, chamada de O Príncipe, também é uma falha que poderia ter sido resolvida.
“Trem-bala” é a junção de muitas figuras de linguagem repetidas no cinema com cenas de ação e violência rápidas e bem elaboradas, que podem até mesmo te distrair dos detalhes (ou falta deles) do roteiro. Quanto mais a história se desenrola, mais vamos descobrindo como as tramas individuais de cada personagem estão, de alguma forma, conectadas e o filme consegue ser interessante sem depender tanto – e unicamente – das cenas de luta. Muitas coisas bizarras acontecem e todas as situações são impossivelmente complexas e consequentemente divertidas.
Brad Pitt é, sem dúvidas, o que torna “Trem-bala” um filme de sucesso, o galã de Hollywood que está para entrar na casa dos 60, prova que ainda tem toda a agilidade, charme e talento que lhe transformou em um dos nomes mais conhecidos do cinema moderno. O filme não é uma obra de arte, mas também nunca se propôs a ser, é um filme animado, energético e entretenimento garantido para família e amigos.