Quando “Uma Noite de Crime” surgiu em 2013, das mãos do pouco experimentado diretor James DeMonaco – com um pequeno orçamento de 3 milhões de dólares – não se esperava muito, mas o filme conseguiu atrair certa popularidade e elogios (nem tanto por parte da crítica especializada, mas do público em geral) ao apresentar uma ideia bem interessante: e se os cidadãos pudessem sair por aí cometendo todos os crimes que quiserem em uma única data específica, determinada pelo governo? Segundo o filme, os níveis de criminalidade e pobreza teriam diminuído de forma considerável, levando a população acreditar que a violência, neste caso (e nesta data), seria totalmente benéfica ao “purificar” a sociedade. Muitos dos que defenderam o filme, alegaram que talvez com um investimento maior na produção e a expansão da ideia de DeMonaco (até porque o primeiro filme se passa praticamente por completo dentro de uma casa), o resultado poderia ter sido muito melhor.
Então, chega aos cinemas esta semana (embora o filme tenha estreado em vários países em julho e algumas pessoas já tenham até a versão “baixada” em suas casas), a continuação intitulada de: “Uma Noite de Crime: Anarquia”. Com o triplo do orçamento do filme original, o filme pode ser assistido independentemente de conhecer seu antecessor ou não, pois a história traz outros personagens, além de outras e mais elaboradas subtramas, embora ainda com problemas de desenvolvimento e execução.
A “luta de classes” não é assunto novo no cinema. De “Metrópolis” (1927) a “O Expresso do Amanhã” (2013), tivemos exemplos de como a desigualdade está presente há tanto tempo em nossa sociedade sem que tenhamos sequer ideia de como solucionar tal problema. Talvez pelo fato de nem saber por onde começar, o homem tenha tomado decisões ao longo da história que posteriormente se mostraram ideias completamente absurdas. Uma delas foi a Eugenia, um conceito que surgiu no Séc. XIX e que basicamente consistia na tentativa de “melhorar” a espécie humana por meio de controle de reprodução e seleção genética, ou seja, castração forçada de vários povos considerados “inferiores”. A ideologia era tão absurda que foi adotada e adaptada pelos nazistas, e culminou no fatídico episódio que ficou conhecido pela humanidade como “O Holocausto”.
De certo modo, o cinema sempre estará conectado com os problemas, preocupações e acontecimentos da época em que ele está inserido. De uns tempos para cá, o cinema (ou as pessoas que fazem cinema) parecem estar com uma obsessão de distopias, tentando acabar com nosso mundo e sociedade de todas as formas possíveis. E é com este discurso pessimista que James DeMonaco convida o espectador a mergulhar no medo e incerteza de “Uma Noite de Crime: Anarquia”.
DeMonaco abriu mão dos nomes “conhecidos” do primeiro filme, como Ethan Hawke e Lena Headey e convocou um elenco menos badalado, talvez para passar para o outro lado da tela que aquelas pessoas eram trabalhadores, mães ou pais de família comuns. Um dos protagonistas é Frank Grillo, usual coadjuvante em filmes de ação, que interpreta o “Sargento”, um homem que busca vingar seu filho e aguardava o Dia da Purificação para fazer isso. Os outros personagens de destaque, cada um com seu drama particular, são Eva Sanchez (Carmen Ejogo), uma mãe que busca a todo custo proteger sua filha e o casal Shane e Liz (Zach Gilford e Kiele Sanchez, marido e esposa na vida real também), que atravessam um momento complicado com um divórcio se aproximando. Há também um discurso, tão cliché quanto mal elaborado, de uma espécie de irmandade rebelde que busca fazer justiça contra a burguesia que se tornou cada vez mais próspera após a instituição da noite de crime, pois os mendigos e pobres que não têm boas chances de se armar ou se esconder são presas fáceis em meio à anarquia. E os ricos também se aproveitam, fazendo leilões e sacrificando pessoas para que possam se “purificar”.
Mesmo com melhores condições de trabalho (ou seja, muito mais dinheiro), DeMonaco mostra que o problema de “Uma Noite de Crime” não é investimento, mas ainda o desenvolvimento da ideia em questão. Há evoluções em relação ao antecessor, como na direção, que está muito mais segura, ou nos planos abertos da cidade, onde Jacques Jouffret dá o tom necessário para envolver o espectador. Por outro lado, não se sabe se as pessoas matam por prazer, por vinganças pessoais, porque realmente é benéfico para a sociedade, ou simplesmente porque é permitido, como na cena onde a mulher dá vários tiros na outra de repente dentro de casa, parecendo agir por impulso. Talvez a franquia queira apenas levantar a questão e não esteja nem um pouco a fim de respondê-la, mas esperava-se muito mais, mesmo se tratando de um filme “b”, no qual a Universal Studios não arriscou manchar sua reputação independente do resultado. Ao juntar a ideia de um filme que se passa em apenas um dia, como “Dredd” (2012) com a luta pela sobrevivência e o sadismo em matar de “Batalha Real” (2000), “Uma Noite de Crime: Anarquia” se equipara ao antecessor por ter conseguido algumas (poucas) evoluções e consegue lembrar um pouco um passado não muito distante do sub-gênero “slasher” (Jason, Halloween, Massacre da Serra Elétrica), só que com uma nova “cara”, mais moderna. Quem esperava um roteiro mais elaborado e atuações marcantes ficarão desapontados, mas os amantes da anarquia e os que têm saudades deste tipo sanguinário de filme vão adorar.
Então, chega aos cinemas esta semana (embora o filme tenha estreado em vários países em julho e algumas pessoas já tenham até a versão “baixada” em suas casas), a continuação intitulada de: “Uma Noite de Crime: Anarquia”. Com o triplo do orçamento do filme original, o filme pode ser assistido independentemente de conhecer seu antecessor ou não, pois a história traz outros personagens, além de outras e mais elaboradas subtramas, embora ainda com problemas de desenvolvimento e execução.
A “luta de classes” não é assunto novo no cinema. De “Metrópolis” (1927) a “O Expresso do Amanhã” (2013), tivemos exemplos de como a desigualdade está presente há tanto tempo em nossa sociedade sem que tenhamos sequer ideia de como solucionar tal problema. Talvez pelo fato de nem saber por onde começar, o homem tenha tomado decisões ao longo da história que posteriormente se mostraram ideias completamente absurdas. Uma delas foi a Eugenia, um conceito que surgiu no Séc. XIX e que basicamente consistia na tentativa de “melhorar” a espécie humana por meio de controle de reprodução e seleção genética, ou seja, castração forçada de vários povos considerados “inferiores”. A ideologia era tão absurda que foi adotada e adaptada pelos nazistas, e culminou no fatídico episódio que ficou conhecido pela humanidade como “O Holocausto”.
De certo modo, o cinema sempre estará conectado com os problemas, preocupações e acontecimentos da época em que ele está inserido. De uns tempos para cá, o cinema (ou as pessoas que fazem cinema) parecem estar com uma obsessão de distopias, tentando acabar com nosso mundo e sociedade de todas as formas possíveis. E é com este discurso pessimista que James DeMonaco convida o espectador a mergulhar no medo e incerteza de “Uma Noite de Crime: Anarquia”.
DeMonaco abriu mão dos nomes “conhecidos” do primeiro filme, como Ethan Hawke e Lena Headey e convocou um elenco menos badalado, talvez para passar para o outro lado da tela que aquelas pessoas eram trabalhadores, mães ou pais de família comuns. Um dos protagonistas é Frank Grillo, usual coadjuvante em filmes de ação, que interpreta o “Sargento”, um homem que busca vingar seu filho e aguardava o Dia da Purificação para fazer isso. Os outros personagens de destaque, cada um com seu drama particular, são Eva Sanchez (Carmen Ejogo), uma mãe que busca a todo custo proteger sua filha e o casal Shane e Liz (Zach Gilford e Kiele Sanchez, marido e esposa na vida real também), que atravessam um momento complicado com um divórcio se aproximando. Há também um discurso, tão cliché quanto mal elaborado, de uma espécie de irmandade rebelde que busca fazer justiça contra a burguesia que se tornou cada vez mais próspera após a instituição da noite de crime, pois os mendigos e pobres que não têm boas chances de se armar ou se esconder são presas fáceis em meio à anarquia. E os ricos também se aproveitam, fazendo leilões e sacrificando pessoas para que possam se “purificar”.
Mesmo com melhores condições de trabalho (ou seja, muito mais dinheiro), DeMonaco mostra que o problema de “Uma Noite de Crime” não é investimento, mas ainda o desenvolvimento da ideia em questão. Há evoluções em relação ao antecessor, como na direção, que está muito mais segura, ou nos planos abertos da cidade, onde Jacques Jouffret dá o tom necessário para envolver o espectador. Por outro lado, não se sabe se as pessoas matam por prazer, por vinganças pessoais, porque realmente é benéfico para a sociedade, ou simplesmente porque é permitido, como na cena onde a mulher dá vários tiros na outra de repente dentro de casa, parecendo agir por impulso. Talvez a franquia queira apenas levantar a questão e não esteja nem um pouco a fim de respondê-la, mas esperava-se muito mais, mesmo se tratando de um filme “b”, no qual a Universal Studios não arriscou manchar sua reputação independente do resultado. Ao juntar a ideia de um filme que se passa em apenas um dia, como “Dredd” (2012) com a luta pela sobrevivência e o sadismo em matar de “Batalha Real” (2000), “Uma Noite de Crime: Anarquia” se equipara ao antecessor por ter conseguido algumas (poucas) evoluções e consegue lembrar um pouco um passado não muito distante do sub-gênero “slasher” (Jason, Halloween, Massacre da Serra Elétrica), só que com uma nova “cara”, mais moderna. Quem esperava um roteiro mais elaborado e atuações marcantes ficarão desapontados, mas os amantes da anarquia e os que têm saudades deste tipo sanguinário de filme vão adorar.