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Ao pensarmos em palavras para falar sobre Alita: Anjo de Combate são poucas as que vem em mente, sendo apenas “lindo” a mais fácil de ser falada. Isso porque com envolvimento de James Cameron no projeto, era esperado uma tecnologia inovadora para contar uma história empolgante e discutível dentro de uma temática específica. No entanto, Cameron procurou se manter no simples, não se envolvendo muito em temas complexos ou bem desenvolvidos, entregando um projeto superficial e nem tão inovador assim ao lado de Robert Rodriguez.
Usar a palavra superficial, diante um cenário todo em CGI e com personagens criados a partir da captação de movimento aparenta ser um trocadilho, porém, é a principal característica que define Alita: Anjo de Combate. O roteiro, desenvolvido por Cameron e Laeta Kalogridis, não vai além da simplicidade. Os dois até introduzem um universo interessante, apesar de muito “clássico” – no pior estilo da palavra. No caso, existe uma divisão muito clara visualmente entre ricos e pobres, colocando a cidade prometida acima da ignorada, além de um claro conceito de castas.
O que leva a um conceito também religioso explorado pelos dois, já que a cidade acima é apenas merecida por aqueles que realizarem determinadas conquistas. Como se não bastasse uma construção mais clara impossível, Cameron e Laeta insistem em trazer diálogos expositivos para justamente explicar o que visualmente é claro.
Não só isso. O texto dos dois também apresenta conceitos aparentemente interessantes, mas que se mantém na primeira camada, não trazendo o desenvolvimento merecido. O exemplo claro disso está em uma situação criada pelos dois, que traz uma discussão social muito atual e que serviria de incentivo para a personagem de Rosa Salazar. Todavia, a situação funciona apenas para introduzir determinados personagens, que não justificam a atitude, futuramente descartada.
O mal desenvolvimento de criações acontece também com o esporte adaptado do mangá de Yukito Kishiro. A primeira aparição do jogo entrega uma ideia, porém, quando ele aparece novamente, o conceito do esporte é outro, não trazendo o sentido aguardado. Esses são pequenos exemplos da construção do texto, porém, todo o filme em si é construído dessa maneira.
A própria Alita em si passa por esses problemas. Seu ideal forte e poderoso poderia ter explorado algo moderno de independência feminina e empoderamento, mas a personagem se mantém no clichê de adolescente rebelde e romântica, transformando uma obra de 2019 com fundamentos de 2000. Esses pontos enfraquece não só uma história primariamente interessante, como também um universo visualmente encantador. Porém, Alita: Anjo de Combate entrega diversos pontos vergonhosos, com diálogos não só expositivos, como também simplórios.
Em Avatar (2009), Cameron foi acusado por problemas parecidos, de pegar uma história clássica e clichê e dar um tratamento moderno e visualmente encantador. No entanto, o canadense desenvolve de forma bem mais aprofundada o universo de Pandora, conseguindo ir a fundo em pontos específicos sem apresentar situações aleatórias para justificar outras. Por isso, há uma decepção por trás de seu texto vazio no filme de Rodriguez.
Diferente de obras singulares como Ghost In The Shell (1995), que desenvolvem uma filosofia aos seres robóticos, Alita dá um primeiro passo para o assunto, mas como tudo, não o desenvolve e ainda se aproveita de uma temática romântica, mas passando a sensação de que o amor vem da consciência ao invés do coração. Criando, assim, mais um ponto que enfraquece a história escrita por Cameron e Laeta.
No final, o sempre contestado Robert Rodriguez continua não convencendo com suas obras, enchendo o longo com inúmeros show offs dentro de uma história debilitada interpretada por um elenco nomeadamente primoroso, mas com atuações medianas. E claro, com Alita: Anjo de Combate não é diferente. Em suas versões carne e osso, Christoph Waltz, Jennifer Connely e o atual indicado ao Oscar, Mahershala Ali não ultrapassam o simples em suas performances.
Nenhum dos três apresentam camadas de atuação, mostrando-se menos emotivos que todos os ciborgues do longa. Ainda assim, os três superam a medíocre interpretação de Keean Johnson. Além de não conseguir entregar uma atuação madura, o americano não sustenta seu personagem e muito menos a sua relação amorosa com Salazar – dando ainda mais moral para Theodore e Samantha, de Ela (2013). Ainda que os humanos não funcionam como bons fios condutores, os ciborgues encantam do começo ao fim – mais visualmente.
É indiscutível que Robert Rodriguez realiza um trabalho impecável com todo o visual, mas o que mais chama a atenção e encantam os olhos é a própria Alita. A captação de movimento realizada por Salazar brilha os olhos de uma maneira surpreendente, ainda com o design humanoide desenvolvido à personagem, deixando ela mais humana – em diversos sentidos, como comentado anteriormente. Há um encantamento também com todos os outros ciborgues, mas, como Alita, nenhum apresenta algo inovador.
Apesar de belos, nada é novo. Todos os conceitos visuais são meras adaptações de outros ciborgues já vistos na cultura pop, o que, novamente, enfraquece a ideia dos cineastas. Por isso, são poucas as palavras referentes a Alita: Anjo de Combate. Não há nada diferente para falar sobre um filme que explora mais coisas de outras obras do que apresenta de novo. Inclusive, são mínimas as características inéditas trazidas por Cameron, Rodriguez e Laeta.
Alita: Anjo de Combate, então, mostra-se mais uma faísca de Rodriguez no cinema, agindo da mesma maneira que seus outros longas: não chamando tanta atenção. No fim, a ideia do americano em realizar mais uma adaptação de uma obra oriental – trazendo a apenas uma atriz oriental no elenco – resultou naquilo que podemos chamar de “síndrome de BBB”, cheio de pessoas lindas, mas com pouco a agregar.
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