Superar o ‘Frankenstein’ de James Whale, lançado em 1931 é praticamente impossível, se bem que a palavra “impossível” não consta no dicionário dentro do universo cinematográfico, não mesmo. Porém, as experiências com o Moderno Prometeu de Mary Shelley após o filme de 1931 não foram lá muito bem aceitas, um exemplo recente é o péssimo ‘Frankenstein – Entre Anjos e Demônios‘, protagonizado por Aaron Eckhart.
Eis que então chega às telonas ‘Victor Frankenstein’, protagonizado pelos excelentes Daniel Radcliffe e James McAvoy, com uma proposta diferente: colocar como o centro da atenção não a criatura, e sim o criador. Essa proposta, por sua vez, tem seus riscos, pois foge totalmente de ser uma adaptação fiel à história original. Enfim, o filme começa e a expectativa é grande.
Daniel Radcliffe, que interpreta o corcunda sem nome, traz aos primeiros minutos do longa uma atuação interessante e verdadeira, bem diferente do que já havia feito antes. O corcunda é a aberração de um circo, comandada por um homem ignorante e sem escrúpulos. Eis que então, em um dia qualquer, Victor Frankenstein, interpretado por James McAvoy, decide visitar o circo, e acaba encontrando o corcunda sem nome, no momento em que o mesmo apresentava suas habilidades com a medicina.
A partir daí a história ganha ritmo, Victor decide libertar o corcunda e levá-lo à Londres, onde poderia ajudá-lo à concluir o seu sinistro plano de criar vida. O corcunda ganha o nome de Igor Straussman e vira o grande amigo de Frankenstein.
As atuações de Radcliffe e McAvoy são indiscutíveis. A interpretação do corcunda de Daniel é real, e o obsessivo Victor Frankenstein de James é louco e fanático, o ator consegue levar ao público essa loucura de seu personagem.
A direção de arte é ótima, cria uma ambientação típica londrina, e traz uma melancolia interessante para o enredo.
Mas, nem tudo sempre é uma maravilha quando se trata de produções cinematográficas. ‘Victor Frankenstein’ começa bem, mas perde o encanto muito rápido. O filme conta com personagens totalmente desnecessários e só protagonizam cenas cansativas. Um bom exemplo é o detetive Roderick Turpin, que só serve para tentar atrapalhar os planos de Victor e cansam o espectador, afinal Igor já tem esse papel de alertar Victor dos riscos de sua experiência.
Paul McGuigan definitivamente não acertou na dose em sua direção. Uma maneira de se certificar disso é perceber que o filme tem menos de duas horas de duração, mas parece que tem três.