M. Night Shyamalan pode estar em uma descendente contínua em sua carreira criativa desde ‘A Dama na Água’ (2006), mas fato é que os mais de U$ 670.000.000,00 arrecadados por ‘O Sexto Sentido’ (1999) se justificavam por uma elaboração magistral de um roteiro labiríntico e sutil, que conduzia o expectador com economia e inteligência a um final simples e genial.
Uma trilha sonora insinuante com uma cinematografia que dava dicas de forma simbólica e sofisticada. O gênio está na sutileza; algo que o próprio cineasta não conseguiu repetir, pois se fechou em um estilo, crendo em sua própria grandeza. Um erro.
O roteirista de ‘A Menina que Roubava Livros’ (2014), Michael Petroni se atribui de algumas artimanhas narrativas que nos lançam imediatamente a ele em seu filme ‘Backtrack’, traduzido aqui como ‘Visões do Passado’ (2016). Peter Bower (Adrien Brody) é um psicólogo derrotado por uma tragédia pessoal que o força a voltar para Melbourne na Austrália. Ele tem de conviver com uma filha morta em sua mente, e uma garota que ocasionalmente visita seu soturno escritório.
O ganhador do Oscar Adrien Brody é o melhor trunfo desta produção. Com sua máscara dramática “incopiável” nos coloca imbuídos de seu conflito e dor, mas a falta de desenvolvimento com sua mulher Jenni (Carol Bower), dá uma importante falta ao roteiro, denunciando o comodismo de se assentar em clichês do gênero.
Esta deveria ser uma história calcada em um roteiro bem amarrado e gradual, que entrega aos poucos sua conclusão que pediria o “twist” (final surpresa), mas em metade da projeção já deduzimos o fim da trama preguiçosa e com soluções vergonhosas para assustar o público.
A cinematografia também é eficiente com seus tons de azul e cinza que dão uma certa imersão ao filme. O problema é que como disse anteriormente, sempre temos aquela sensação de “Déjà vu” entre Bruce Willis e Brody, mas a redenção do personagem e a razão de seus traumas não se explicam após a primeira reviravolta, assim como a revelação. Uma pena, em se tratando de um ator perdido em seus últimos trabalhos desde sua consagração com ‘O Pianista’, como se tentasse atirar em todas as direções.