Qual foi o fã da Marvel que não chorou a morte de Natasha Romanoff em “Vingadores: Ultimato”? A Viúva Negra é uma das personagens principais do UCM desde o começo da segunda fase, mas nunca teve a mesma atenção que os outros vingadores originais – todos homens – uma grande coincidência, não?
A Marvel só resolveu “arriscar” com um filme solo de uma super-heroína em 2019 com o lançamento de Capitã Marvel, que acabou se tornando um sucesso de bilheteria e já tem sua sequência confirmada para o segundo semestre de 2022. É uma pena que a Marvel não tenha dado essa chance para sua vingadora antes, como fizeram com o Homem de Ferro e o Capitão América, principalmente porque provou com o novo filme que Natasha tinha uma história de origem superinteressante e conseguiu criar um longa de super-herói atual, divertido e relevante, apesar do timing não tão perfeito.
Em “Viúva Negra’ a gente volta um pouco no tempo, primeiro para os anos 90, em Ohio, para conhecermos uma Natasha adolescente, que já demonstrava sua “rebeldia” com os cabelos coloridos, mas que vivia uma vida comum com sua irmã mais nova e protegida e seus pais Alexei (David Harbour) e Melina (Rachel Weisz), à primeira vista a família parece como qualquer outra, mas dá uma sensação de ter algo fora do lugar. Poucos minutos depois, a ação começa e descobrimos que, na verdade, a família é uma mentira e o “casal” é composto de espiões russos infiltrados. Descobrimos também que Natasha já estava sendo treinada na Sala Vermelha e quando a “família” é enviada de volta para Rússia, Natasha e Yelena são separadas para completar seu treinamento.
Depois dessa introdução, avançamos na linha do tempo, mas não tanto assim. Ao invés dos tempos atuais, somos levados à década passada, logo após os eventos de Capitão América: Guerra Civil, quando Natasha se torna uma fugitiva e é obrigada a se separar dos Vingadores, que à essa altura ela já considera como sendo sua real família.
Afastada dos EUA, Natasha reencontra antigos conhecidos e descobre que as jovens mulheres, conhecidas como “viúvas” continuam sendo treinadas para se tornarem assassinas de aluguel pelo vilão Dreykov (Ray Winstone) e que a Sala Vermelha continua funcionando com força total. Tudo piora quando Yelena (Florence Pugh) volta à sua vida também e lhe conta que as viúvas estão sendo quimicamente manipuladas para seguirem cegamente as ordens de Dreykov, mas Yelena tem um antídoto e está lutando para destruir toda a organização – Natahsa então se vê obrigada a se juntar à luta.
Além de Yelena, os “pais” que na verdade são uma cientista e um super-herói russo chamado de Guardião Vermelho que passou os últimos anos na prisão, detido pelo Capitão América (e ele nunca superou isso) e a ajuda deles também é necessária para o sucesso do plano.
A ação está presente durante todo o tempo de filme, mas vem acompanhada de uma trama sobre família, raízes e poder feminino. A química entre Scarlett Johansson e Florence Pugh é inegável e muito divertida, inclusive vale ressaltar o humor no ponto certo, tanto na relação entre irmãs quanto no personagem de Harbour, mas um dos grandes destaques é a Yelena de Pugh, uma personagem sarcástica e determinada, com uma personalidade marcante e motivações mais profundas, que já consegue cativar nos primeiros minutos em cena.
A trama de assassinas russas treinadas para causar o caos no mundo é boa, mas não encaixa perfeitamente no UCM, principalmente por se tratar de eventos do passado que, até o momento, não tiveram um reflexo na Marvel atual, mas funciona muito bem como um filme de origem ou como um filme isolado, a não ser pela cena pós-créditos que tem um baita gatilho para a continuação de UCM, dessa vez com Yelena no lugar da já falecida Natasha.