Em 2001, Ben Stiller roteirizou e dirigiu uma pequena comédia de orçamento modesto, U$ 28.000.000,00, onde parodiava o universo da moda com um personagem improvável que ele mesmo compôs, Derek Zoolander, um modelo vazio e boboca que é manipulado por uma conspiração gerida pelo “gênio” do mal na alta costura, Mugatu (Will Ferrell). Apesar de críticas divididas na época de seu lançamento, o filme se tornou cult.
O que funcionou com certa eficiência no primeiro foi a química entre Zoolander e Hansel (Owen Wilson), um vaidoso adversário nas passarelas que ofuscou nosso personagem e obrigou a reaver suas origens nas minas de carvão onde seu pai e irmãos trabalhavam.
Will Ferrell também onipresente como o vilão Mugatu, garantiu 90% da graça do roteiro que contou com infinitas celebridades e astros fazendo ponta num mundo que eles bem conhecem.
Quinze anos depois, Derek está fora das passarelas, em crise existencial e é procurado por uma agente da Interpol (Penélope Cruz), para investigar a morte de celebridades, incluindo no início do filme uma hilária participação do cantor Justin Bieber como uma das vítimas.
A receita continua a mesma, mas com uma maior produção e clima de aventura, onde Zoolander procura por seu filho separado dele após a morte da mãe. O que é comum nas comédias em que Ben Stiller dirige também acontece aqui. Uma inconsistência gritante no ritmo e no desenvolvimento dos personagens. Sua relação com o divertido garoto interpretado por Cyrus Arnold se perde em incontáveis referências pop, participações desnecessárias como Justin Theroux, ou empurradas como Kiefer Sutherland.
Benedict Cumberbatch está perfeito como All, o novo ícone da moda transexual, onde se critica os excessos da nova cena da moda e a cultura Hipster. Mais uma vez quem ofusca todos os personagens é a força da natureza Will Ferrell. Em seus 10 últimos minutos em cena garante toda a alma do roteiro confuso, mas funcional.
Entre erros e acertos, a produção garante boas risadas sem compromisso e mantêm Stiller como um especialista no besteirol. Suas obras-primas ainda continuam sendo ‘Trovão Tropical’ como diretor e ‘Quem Quer Ficar Com Mary’ atuando.